Thursday, August 25, 2005

 

Beleza Esquecida



Qual terá sido a primeiríssima coisa a ser fotografada aquando da invenção da máquina fotográfica, nos idos do século XIX? Sabemos que foi o alpendre da casa de Daguerre, inventor do processo de fotografia imortalizado como Daguerreotipo. Mas agora, a segunda coisa a ser fotografada...

Os nossos avós, apesar do que reza a história, não eram nada rapaziada de bons costumes. É certo que as aparências de vestidos compridos e recatados e uma moralidade pública rígida são as imagens que nos restam do século XIX. Haviam sempre as casinhas da lanterna vermelha, antros de depravação tolerados pelas mulheres bem pensantes como forma de os seus maridos exorcizarem os seus instintos mais bárbaros. Pelo menos, são essas as imagens expostas nas paredes das casas de fim de século e nas paredes dos museus. Há alguma sugestão de sexualidade, é certo, mas não passam de vislumbres de seios em quadros edificantes ou alguns castos nús.



Um vasculhar dos baús dos nossos avós do final do século XIX rápidamente revela a verdade: armados com a novíssima invenção que era a máquina fotográfica, os nossos malandrecos avós dedicaram-se a explorar as paisagens da sexualidade. Algumas das fotos não devem nada às modernas explorações dos fétiches sexuais mais bizarros que flutuam nos confundios mais tenebrosos da internet. Pessoalmente, escolhi estas fotos que estão na fronteira entre o explícito e o artístico. Não passam de fotografias de mulheres nuas; mas o que as afasta da simples pornografia é o cuidado: cuidado com a pose, o cuidado com a iluminação, o cuidado com a composição da imagem. Ao olhar para estas fotografias, os nossos depravados avós sentir-se-iam certamente mais descansados nas suas consciências dolorosas. Estavam a apreciar a beleza da arte, não simples representações de uma sexualidade nua e bárbara, a sexualidade que tanto desejavam, intimamente, mas não podiam expressar graças aos tabus contemporâneos.


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