Thursday, August 25, 2005
Beleza Esquecida
Qual terá sido a primeiríssima coisa a ser fotografada aquando da invenção da máquina fotográfica, nos idos do século XIX? Sabemos que foi o alpendre da casa de Daguerre, inventor do processo de fotografia imortalizado como Daguerreotipo. Mas agora, a segunda coisa a ser fotografada...
Os nossos avós, apesar do que reza a história, não eram nada rapaziada de bons costumes. É certo que as aparências de vestidos compridos e recatados e uma moralidade pública rígida são as imagens que nos restam do século XIX. Haviam sempre as casinhas da lanterna vermelha, antros de depravação tolerados pelas mulheres bem pensantes como forma de os seus maridos exorcizarem os seus instintos mais bárbaros. Pelo menos, são essas as imagens expostas nas paredes das casas de fim de século e nas paredes dos museus. Há alguma sugestão de sexualidade, é certo, mas não passam de vislumbres de seios em quadros edificantes ou alguns castos nús.
Um vasculhar dos baús dos nossos avós do final do século XIX rápidamente revela a verdade: armados com a novíssima invenção que era a máquina fotográfica, os nossos malandrecos avós dedicaram-se a explorar as paisagens da sexualidade. Algumas das fotos não devem nada às modernas explorações dos fétiches sexuais mais bizarros que flutuam nos confundios mais tenebrosos da internet. Pessoalmente, escolhi estas fotos que estão na fronteira entre o explícito e o artístico. Não passam de fotografias de mulheres nuas; mas o que as afasta da simples pornografia é o cuidado: cuidado com a pose, o cuidado com a iluminação, o cuidado com a composição da imagem. Ao olhar para estas fotografias, os nossos depravados avós sentir-se-iam certamente mais descansados nas suas consciências dolorosas. Estavam a apreciar a beleza da arte, não simples representações de uma sexualidade nua e bárbara, a sexualidade que tanto desejavam, intimamente, mas não podiam expressar graças aos tabus contemporâneos.
Tuesday, August 23, 2005
Marés Baixas
Maré baixa na praia do forte, o meu local preferido pelos recantos fantásticos que mar põe a descoberto.
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do Forte
Praia do forte
Praia do Forte
Monday, August 22, 2005
Friday, August 19, 2005
Maré Baixa
Fotografias tiradas na maré baixa em várias das praias da Ericeira. As mais próximas foram tiradas na praia do forte.
Wednesday, August 03, 2005
Elvis Everywhere
Elvis Today
Numa leitura rápida a este artigo sobre Elvis Presley, escrito por um crítico de jazz notório por detestar a música de Presley, uma curiosa observação: o rock, quando surgiu, era criticado a torto e a direito por ser uma música rebelde e imprópria, uma expressão demasiado revolucionária para a estabilidade social. Chocava pais, professores, políticos, padres, enfim, todos aqueles sectores conservadores da sociedade. Mas, apesar da mitologia do rock rebelde, quando o jazz se afirmou nos anos vinte as críticas e pressões sociais foram muito mais intensas. O factor comum? A ganância das empresas de discos, capazes de discernir que não existe má publicidade, e perfeitamente conscientes de que quanto mais chocante, mais rentável o produto. É o que se vê hoje em dia com o hip hop, som revolucionário dos bairros sociais transformado em produto revolucionário pré-embalado pelas multinacionais. Moral da história: As revoluções culturais pouco têm de revolucionário. Mal surgem, são logo monopolizadas por corporações apostadas em espremer todos os cêntimozinhos possíveis da rebeldia cultural.
Yet that was the very definition of rock ’n’ roll. What made it different from all other earlier kinds of pop was not the music itself but the marketing. Like big-band swing and Sinatra-era pop, rock was aimed at young people, but unlike other kinds of pop, it was also specifically designed to annoy their parents. Nearly every television documentary on early rock or Presley devotes too much time to inflating the reaction of the older generation. In fact, rock bashing by church and school officials was mild compared with the hostility toward jazz in the twenties. Still, parents, teachers, and clergy did condemn rock ’n’ roll, and the more they excoriated it, the more the entertainment business embraced it as a way to make money. It was characterized as subversive, the sound of rebellion, while being enthusiastically underwritten by corporate America.
Somos todos uns vendidos!
Por estas razões sou eu tão avesso a gostar das bandas da moda. Promovidas como rebeldes e independentes, na realidade são criadas e manipuladas por experientes departamentos de marketing. E o toque rebelde soa um bocadinho farsola, isto para ser simpático. Pelo menos na musica clássica, ou nas bandas mesmo independentes (aquelas com cds quase impossíveis de localizar), não há hipocrisias, e os trabalhos valem pelo seu mérito.
Numa leitura rápida a este artigo sobre Elvis Presley, escrito por um crítico de jazz notório por detestar a música de Presley, uma curiosa observação: o rock, quando surgiu, era criticado a torto e a direito por ser uma música rebelde e imprópria, uma expressão demasiado revolucionária para a estabilidade social. Chocava pais, professores, políticos, padres, enfim, todos aqueles sectores conservadores da sociedade. Mas, apesar da mitologia do rock rebelde, quando o jazz se afirmou nos anos vinte as críticas e pressões sociais foram muito mais intensas. O factor comum? A ganância das empresas de discos, capazes de discernir que não existe má publicidade, e perfeitamente conscientes de que quanto mais chocante, mais rentável o produto. É o que se vê hoje em dia com o hip hop, som revolucionário dos bairros sociais transformado em produto revolucionário pré-embalado pelas multinacionais. Moral da história: As revoluções culturais pouco têm de revolucionário. Mal surgem, são logo monopolizadas por corporações apostadas em espremer todos os cêntimozinhos possíveis da rebeldia cultural.
Yet that was the very definition of rock ’n’ roll. What made it different from all other earlier kinds of pop was not the music itself but the marketing. Like big-band swing and Sinatra-era pop, rock was aimed at young people, but unlike other kinds of pop, it was also specifically designed to annoy their parents. Nearly every television documentary on early rock or Presley devotes too much time to inflating the reaction of the older generation. In fact, rock bashing by church and school officials was mild compared with the hostility toward jazz in the twenties. Still, parents, teachers, and clergy did condemn rock ’n’ roll, and the more they excoriated it, the more the entertainment business embraced it as a way to make money. It was characterized as subversive, the sound of rebellion, while being enthusiastically underwritten by corporate America.
Somos todos uns vendidos!
Por estas razões sou eu tão avesso a gostar das bandas da moda. Promovidas como rebeldes e independentes, na realidade são criadas e manipuladas por experientes departamentos de marketing. E o toque rebelde soa um bocadinho farsola, isto para ser simpático. Pelo menos na musica clássica, ou nas bandas mesmo independentes (aquelas com cds quase impossíveis de localizar), não há hipocrisias, e os trabalhos valem pelo seu mérito.
Desenho
Novo desenho. Finalmente. Parecia-me que durante as férias não teria tempo de acabar este desenho, o que seria um contra-senso. É nas férias que se tem tempo, mas... aí reside o problema. Durante o ano de trabalho adia-se todo o ócio para as férias, para o tempo em que se tem tempo. O resultado de tantos adiamentos, de livros com leitura adiada, de passeios na praia adiados, e, confesso, de arrumações a ateliers que se assemelham a zonas de guerra é uma sobrecarga de tempo. Na verdade, nas férias não há tempo para nada. Uma tonelada de livros para ler, duas toneladas de artigos para ler, um blog a manter, desenhos para fazer (já nem me atrevo a pensar em pinturas), experiências culinárias para arriscar, horas para passar com os amigos, saltos à praias... que stress! São mais cansativas as férias do que os dias de trabalho. Mas ao menos aquela pilha interminável de livros e revistas que invadiu a minha mesa de cabeceira está a diminuir a olhos vistos. Isto o que é preciso é ritmo. Duas horinhas logo de manhã, das oito às dez, para pôr leituras em dia, dez ao meio-dia para a net, o blog e alguns retoques no photoshop, meio dia às três para almoços e rotinas, praia até ao fim da tarde (e o que seria da praia sem um bom livro e o caderno de desenhos). Noite, para os amigos e umas leiturazinhas antes de adormecer. Assim as férias rendem.
Novo desenho. Embora sejam fruto do acaso, ao chegar ao fim surpreendo-me sempre como qualquer destes desenhos conseguiu encontrar a sua lógica interna. Nunca parto com uma ideia definida, ou sequer com uma ideia. O rabisco dá o mote, e continua-se, até que de linhas isoladas nascem estas formas irreais.
Irreais, e com muito gosto. Nunca me senti atraído pelos realismos. Quando admiro alguma obra realista, admiro-a pela sua técnica, não pelo conteúdo. É como olhar para um edifício prestando apenas atenção às equações matemáticas que definem a estrutura. A realidade, mesmo nestes dias solarengos, é entediante e rotineira. As paisagens interiores reveladas pelos voos da imaginação são muito mais interessantes.